O Blog é uma ferramenta de publicação pessoal, que até pouco tempo, podia ser definido apenas como uma espécie de “diário” eletrônico. Qualquer usuário pode ter seu espaço virtual, captando informações por diferentes mídias e construindo uma forma de “poder comunitário”. Produz-se conteúdo, independente da imprensa convencional.
Temos a necessidade de informar e nos mantermos informados, o que estimula a proliferação destes espaços. A mídia já não cobre todas as nossas áreas de interesse, por isso a mudança para o ambiente on line. Cidadãos estão assumindo um papel ativo como comentaristas, editores e produtores de textos noticiosos. O jornalista não é mais o “dono da informação”, da fonte, do furo.
Leitores de blogs encontram dados que não estão presentes na grande mídia, buscando uma porta aberta ao debate.
Outrora os blogueiros estavam preocupados em compartilhar suas experiências pessoais ao invés de produzir textos jornalísticos. Hoje, o blog vem ganhando mais e mais recursos, transformando-se num verdadeiro veículo de comunicação, capaz de chegar a lugares e situações difíceis de serem alcançados. Adquiriu muitos adeptos e tornou-se uma espécie de “bem coletivo”. Cabe a nós refletirmos que caminhos existirão no futuro.
Em 2004, dois jovens vinculados ao Instituto Poynter (Centro de Estudos sobre Jornalismo on line), criaram um documentário/ficção de 8 minutos, intitulado “EPIC 2014”, que antecipa um cenário caótico no processo de jornalismo mundial.
Segundo Robin Sloan e Matt Thompson, três grandes empresas, a Microsoft, Google e Amazon, assumem o comando das informações e passam a manipular o universo virtual da notícia, e, por conseguinte, nossas vidas. A imprensa, como conhecemos, deixa de existir e surge um novo sistema, personalizado, que filtra e prioriza o que recebemos, não tendo qualquer relação com a ética midiática. O vídeo deixa no ar a seguinte pergunta: o que pode acontecer ao jornalismo e a informação nos próximos anos?
Tradução de “EPIC 2014”:
“No ano 2014 as pessoas têm acesso a uma variedade e profundidade de informações que seriam inimagináveis em épocas passadas.
Todos contribuem de alguma maneira.
Todos participam para criar um mundo de mídia vivo e pulsante. No entanto, a Imprensa, como você a conhece, deixou de existir. As fortunas do Quarto Poder se foram. As empresas de notícias do Século XX mudaram muito, uma reminiscência solitária de um passado não tão distante.
A estrada para 2014 começou em meados do Século XX.
Em 1989, Tim Berners-Lee, um cientista de computação do laboratório de física de partículas CERN, na Suíça, inventou a World Wide Web.
1994 vê a fundação da Amazon.com. Seu jovem criador sonha com uma loja que vende de tudo. O modelo da Amazon, que viria depois a estabelecer o padrão para vendas pela Internet, é baseado em recomendações personalizadas automáticas – uma loja que pode oferecer sugestões.
Em 1998, dois programadores de Stanford criam o Google. Seu algoritmo é um eco da linguagem da Amazon, tratando links como recomendações e, a partir deste fundamento, impulsiona a mais efetiva máquina de busca do mundo.
Em 1999, TiVo transforma a televisão, libertando-a das restrições do tempo – e dos comerciais. Quase ninguém que experimenta volta atrás.
Naquele ano, uma empresa "ponto-com" iniciante chamada Pyra Labs lança o Blogger, uma ferramenta pessoal de publicação.
Friendster é lançado em 2002 e centenas de milhares de jovens avançam para povoá-lo com mapas incrivelmente detalhados de suas vidas, seus interesses e suas redes sociais. Também em 2002, Google lança o Google News, um portal de notícias. As redes de notícias reclamam. Google News é editado inteiramente por computadores.
Em 2003, Google compra o Blogger. Os planos da Google são um mistério, mas seu interesse pelo Blogger não é sem razão.
2003 é o Ano do Blog.
2004 seria lembrado como o ano em que tudo começou.
A Revista Reason envia aos seus assinantes um exemplar que traz na capa uma foto-satélite de suas casas, contendo informações personalizadamente direcionadas para cada assinante.
Sony e Phillips lançam o primeiro jornal eletrônico do mundo produzido em larga escala.
Google lança o Gmail, com um Gigabyte de espaço gratuito para cada usuário.
Microsoft lança o Newsbot, um filtro de notícias sociais.
Amazon lança o A9, uma máquina de busca baseada em tecnologia Google que também incorpora as recomendações da Amazon, sua marca registrada.
E então, Google lança suas ações na bolsa.
Com novo capital sobrando, a companhia faz uma grande aquisição. Google compra a TiVo.
2005 – Em resposta aos recentes lances da Google, a Microsoft compra a Friendster.
2006 – Google combina todos os seus serviços – TiVo, Blogger, Google News e todas as suas buscas em algo chamado Google Grid, uma plataforma universal que oferece uma quantidade funcionalmente ilimitada de espaço para armazenamento e largura de banda, para compartilhar e armazenar mídias de todo tipo. Sempre online, acessível de qualquer lugar. Cada usuário seleciona seu próprio nível de privacidade, podendo armazenar seu conteúdo com segurança no Google Grid, ou publicá-lo para que todos o vejam. Nunca foi tão fácil para qualquer um, para todos, criar e consumir mídia.
2007 – A Microsoft responde ao crescente desafio da Google com o Newsbotster, uma rede de notícias sociais e uma plataforma de jornalismo participativo. Newsbotster gradua e ordena notícias, baseado no que estão lendo e vendo os amigos e colegas de cada usuário, permitindo que todos comentem sobre o que vêem.
O ePaper da Sony é mais barato do que o papel real neste ano. É o meio escolhido para o Newsbotster.
2008 vê surgir a aliança que desafiará as ambições da Microsoft. Google e Amazon juntam forças para formar a Googlezon. Google fornece o Google Grid aliado a uma tecnologia de busca insuperável. Amazon fornece a máquina de recomendações sociais e sua gigantesca infra-estrutura comercial. Juntos, eles utilizam os conhecimentos detalhados sobre a rede social de cada usuário, dados demográficos, interesses e hábitos de consumo para prover uma personalização total de conteúdo e de propagandas.
A Guerra das Notícias de 2010 é particularmente notável, pois nenhuma rede de notícias dela participa.
Googlezon finalmente dá um xeque-mate na Microsoft, oferecendo facilidades que a gigante do software não pode igualar. Utilizando um novo algoritmo, os computadores da Googlezon constroem novas matérias e artigos dinamicamente, pinçando sentenças e fatos de todas as fontes de conteúdo e recombinando-as. O computador escreve um novo texto para cada usuário.
Em 2011, o dormente Quarto Poder desperta para tomar uma drástica decisão. A empresa The New York Times processa judicialmente a Google, alegando que os robôs capturadores de fatos da companhia são uma violação à lei de direitos autorais. O caso vai até a Suprema Corte que, em 4 de agosto de 2011 dá ganho de causa à Googlezon.
No domingo, nove de março de 2014, Googlezon lança o EPIC.
Bem-vindo ao nosso mundo.
EPIC vale por "Evolving Personalized Information Construct", um sistema pelo qual nosso vasto e caótico universo de mídia é filtrado, ordenado e transmitido. Todos contribuem agora – desde entradas de blog, até imagens de câmeras de telefones, passando por reportagens em vídeo e investigações completas. Muitas pessoas são pagas também – uma pequena fatia do imenso faturamento da Googlezon, proporcional à popularidade das contribuições de cada um.
EPIC produz um pacote de conteúdo personalizado para cada usuário, utilizando suas escolhas, seus hábitos de consumo, seus interesses, seus dados demográficos, sua rede social – para moldar o produto.
Surge uma nova geração de editores-freelance, pessoas que vendem sua habilidade de se conectar, filtrar e priorizar o conteúdo do EPIC.
Todos nós recebemos conteúdo de vários editores; EPIC nos permite mesclar e comparar suas escolhas sejam elas quais forem. Na melhor das hipóteses, editado para os leitores mais capacitados, EPIC é um resumo do mundo – mais profundo, mais amplo e com mais nuances do que qualquer coisa antes disponível. Mas na pior das hipóteses, e para gente demais, EPIC é meramente uma coleção de curiosidades, em sua maioria inverídica, um conjunto de informações inteiramente estreita, superficial e sensacionalista. Mas EPIC é o que queríamos, é o que escolhemos. E seu sucesso comercial abafou quaisquer discussões sobre mídia e democracia, ou ética jornalística. Hoje, em 2014, The New York Times deixou de estar online, num débil protesto contra a hegemonia da Googlezon, o Times se tornou um jornal exclusivamente impresso destinado apenas à elite e aos mais velhos. Mas talvez houvesse um outro jeito. “
Um comentário:
Gente, vou postar isso no blog do Google, ok?!
Bjs
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